SONETO DA LUXÚRIA
É difícil dizer do seu Tesouro,
mas você tem ouvido essa serpente.
E elas, coisas do mundo, você sente
e as põe em primeiríssimo seu ouro.
Mas ser-lhe-á assim tirado todo couro,
pois você na luxúria, nela sente
o arrasto de sua alma, lugar quente...
Não percebe que o fim é puro agouro.
Eu me pergunto sempre das tolices
que fazemos por não deixar que cante
o milagre sem tê-lo nas mesmices.
Mas tê-las co' outro nome, algo marcante,
que o tire de qualquer destas burrices,
e o faça em Deus, um filho confiante.