SONETO DO AVESSO DAS COISAS
Vim dos versos muito antes namorado
da sonorosa música embalada,
cachos de rimas, cada uma guardada
em emoções compactas, tempo alado.
Pegou-me ali sozinho e quase nada
restou do que era o canto decorado,
que um dia me fez tolo e devorado
pela modernidade amargurada.
E saber que se fez pela poesia
aquele mundo antigo e mais que heroico,
que antevejo sumindo a cada dia.
Hoje vendo-o morrer, mundo que cria,
neste Avesso das Coisas paranoico,
sinto que co' ele vou, nem percebia.
Udo
Enviado por Udo em 29/03/2018