Caminhando só na noite
Olhando o nada e tão preso
sem amarras ou parede,
mantendo este fogo aceso
e nesta contínua sede...
Na morada do meu peito,
percebo o grande vazio
e lá sozinho me deito
com um tortuoso frio...
Agora assim nesta noite
cujo silêncio muito alto
é um meticuloso açoite
do tão só que é obra de assalto.
Que eu luto agora comigo
em vencer a solidão,
um perigoso inimigo,
que desmantela a paixão.
E eu te chamo... E quero a chama...
Não posso o fogo apagar...
De repente, estou na lama...
Não quero nela afogar...
Olhando o nada, alço a mão,
tentando agora ser visto,
mas o fechado alçapão,
não consigo abrir e insisto...
Namorada do meu peito
com extremoso carinho,
tu mexes com o meu jeito
e remonta o meu caminho...
Coloco o rosto na porta,
penso na azul borboleta
e como a noite a conforta,
enquanto estou na valeta...
Na escuridão elas dormem
Mas onde há brilho lá estão.
Que no amor elas transformem
o eu-sozinho em coração.
E eu te chamo... E quero a chama...
Não posso o fogo apagar...
De repente, estou na lama...
Não quero nela afogar...
Como frio neste calor?
A alma segura por dedos
na tanta falta do amor
da solidão e seus medos?
Udo
Enviado por Udo em 23/04/2016