SONETO DO FEROZ TEMPO
O tempo, cavaleiro de um destino,
atravessa seus dias sem falar,
que deixou pra lá muitos a penar
num só tom em completo desatino.
Muitos que ali estão foram apanhar
em um cacho de sonho o próprio tino,
num som a despertar-se com um sino,
que anunciou quão belo mar de amar.
O Tempo a galopar não se vê atroz,
não pára seu cavalo um só segundo,
deixando as gentes fora deste mundo.
O tempo co' armadura tão feroz
não percebe o que é ser belo ou imundo,
apenas corre e marca o que é profundo.
Udo
Enviado por Udo em 24/05/2007
Alterado em 15/04/2017