Na vida criamos tudo que passamos,
De modo que co-criamos a vida
E ela passa pela gente sem pedir licença.

Ao co-criar implica mais de uma pessoa no enredo da criação,
Dependendo de cada pessoa, outro conceito.
Às vezes as pessoas tem conceitos que parecem iguais.
Só que quando tudo está bem, esses conceitos são mais iguais.

O tempo é a linha que segura a pipa lá no alto,
O cortante é a fina camada
Que protege a pipa no céu de outras pipas.

Co-criamos pipas no céu,
Mas não controlamos a chuva,
Nem a falta de ventos
E nem as pipas que adoram abater outras pipas.

O fato da vida passar sem pedir licença
Faz a gente correr para ficar ao lado dela.
Só que às vezes a gente cai
E muita gente passa em cima da gente.

Quando a gente coloca as pipas no céu,
Muitas vezes, pipas camaradas se cortam.
Dá até dó de ver como acontece isso.

Esse é o grande aprendizado da vida,
Quando é preciso ser forte
E tudo leva à fraqueza.

Forte não é ser para si próprio,
Mas para todos, até aqueles que discordam.
Forte é distanciar-se do próprio ego,
Para metapensar a subjetividade alheia.

Se muitos deixarem de ser forte,
As pipas cairão do céu uma após outra
E disputarão os ventos rasos
Que levantam poeira do chão.

O tempo é a linha que segura a pipa no céu,
As pipas são as nossas vidas se interagindo
E co-criando a magia da vida universal.

Essa magia é sem dúvida o maior espetáculo da vida,
Só que quando ocorre a escassez de espaço, de vento, de tempo,
As pipas se degolam mesmo sendo camaradas,
A co-criação vira competição e canibalismo,
Tudo muito irracional e longe da sustentabilidade.

Às vezes sobra uma pipa sobrevivente
Para voar em outra comunidade
E começar tudo de novo.